Páginas

Pesquisar este blog

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Automaquiagem

 O primeiro passo para um perfeita maquiagem é estar com a pele limpa, tonificada e hidratada. Use produtos que você está acostumada, específicos para seu tipo de pele. Confira se sua sobrancelha está em ordem, com os pelos aparados, de acordo com seu tipo de rosto. Depois, é só seguir o roteiro abaixo:

  • Escolha um lugar com um espelho que dê para você se ver do tórax para cima. 
  • Reúna seus produtos e equipamentos. 
  •  A iluminação ideal é aquela do tipo camarim, pois a luz que vem de cima gera sombras no rosto. 
  •  Prenda o cabelo ou coloque uma faixa de proteção. 
  •  Limpe a pele. 
  •  Acerte suas sobrancelhas. 
  •  Defina antes o visual que você espera, para trabalhar com um objetivo e não de forma vaga. 
  •  Amenize as imperfeições da face com o corretivo. 
  •  A primeira camada deverá ser feita com a base, que poderá ser espessa ou fina, dependendo do resultado que você deseja. 
  •  Passe o pó. 
  •  Hora de pintar os olhos: acerte as sobrancelhas e preencha as falhas com lápis; passe a sombra; em seguida é a vez do delineador ou lápis; por fim, a máscara de cílios.
  • Utilize o blush se quiser dar um realce nas faces. 
  •  Faça um belo contorno nos lábios para depois passar o batom. 
  •  Finalize com o pó compacto. Pronto, com esse roteiro básico, você mesmo fará a sua maquiagem, sem muitas complicações.
PASSO-A-PASSO 
Corretivo, Base e Pó facial 

Corretivo  – Com as pontas dos dedos, aplique-o com suaves batidinhas em movimentos de baixo para cima. Com uma esponja macia, espalhe o produto com movimentos circulares, dando leves batidinhas, de fora para dentro, na pálpebra inferior e, de dentro para fora, na pálpebra superior. 

Base – Aplicar pequenas gotas na face e espalhar com a ajuda de uma esponja ou pincel, com movimentos de baixo para cima. Siga o sentido dos músculos do rosto. Do queixo para cima, aplique com movimentos ascendentes. 

Atenção: A sequência de corretivo a base não obedece a uma regra rígida. Há profissionais que preferem a base antes do corretivo. Outros, o contrário. A ordem, entretanto, não afetará o resultado final, cabendo ao maquiador decidir qual é a de sua preferência. 

Pó facial – Quando a base já estiver seca, aplique o pó facial em todo o rosto. Com o pincel deitado, retire o pó, elimine o excesso e aplique com a lateral das cerdas levemente sobre o rosto. Faça movimentos de  suave compressão. Em seguida, dê pequenas pinceladas por todo o rosto. Atenção: o pó facial é diferente do pó compacto. Este último é, geralmente, usado em automaquiagem, para retoques e para fixar a maquiagem.

Sombra 
Espalhe o produto com o pincel. Retire o excesso do produto do aplicador, apoie o dedo no rosto da cliente e siga estas três etapas: 
  •  Usa-se uma sombra clara abaixo das sobrancelhas e por toda pálpebra para iluminar os olhos. Bege e marfim são boas opções nesse caso. Branco, não, pois reflete muito a luz. 
  •  Na pálpebra, utilize duas cores: Uma sombra de colorido não muito escuro (da metade do olho para dentro) e uma cor escura (da metade da pálpebra para fora). 
  •  Depois esfume até que as três tonalidades se misturem de forma que não dê para perceber onde começa uma cor e termina a outra.
Delineador e/ou Lápis de Olhos 
A aplicação deverá ser feita na linha contínua, o mais próximo possível da raiz dos cílios. Assim, evita-se qualquer espaço entre o traço e os cílios. Incline a cabeça da cliente para trás, levante levemente a pálpebra superior para cima, apoie o dedo no rosto e aplique o lápis de fora para o meio da pálpebra e de dentro para o meio, encontrando o traço. Se preferir, você também pode fazer um traço contínuo, começando do canto externo até o canto interno, ou do canto interno até o externo dos olhos. Aplique o lápis também na pálpebra inferior, conforme a necessidade. 

Máscara para Cílios 
Aplicar o produto com sua escovinha no sentido da raiz para as pontas. Primeiro de cima para baixo e depois de baixo para cima. Os cílios inferiores também devem ser pintados, tomando todo o cuidado para não borrar a pele. A operação poderá ser repetida caso se deseje cílios mais volumosos.
  •  Caso a cliente dispense o curvex, utilize a máscara da cor escolhida. 
  •  Aplique, pelo menos, duas camadas de máscara nos cílios superiores e inferiores, dentro e fora. 
  •  Não tenha medo mesmo que os fios comecem a grudar uns nos outros. É normal. À medida que você vai passando mais camadas, a espessura e distância entre os fios tende a se normalizar. 
  •  Com uma escovinha macia, dê o acabamento final. 
Lápis de Contorno dos Lábios 
Aplicar uma linha contínua sobre o contorno dos lábios para um efeito natural. Apoie o dedo mínimo no rosto e cubra o contorno do lábio superior. Em seguida, repita a operação no lábio inferior. Alguns truques podem ser feitos com esse produto. Para aumentar a boca, aplique o delineador de lábios por fora do contorno labial. Para diminuir, aplique-o por dentro do contorno labial.

Batom 
O maquiador profissional deve aplicar o batom com um pincel, preenchendo todo o conteúdo que foi contornado com o lápis de contorno de lábios. 

Caso prefira trabalhar diretamente com o batom, coloque o dedo polegar sobre o queixo, que passa a funcionar como um compasso. Preencha com o batom a linha feita pelo delineador. 

Atenção:  Pressione uma folha de papel absorvente entre os lábios para retirar o excesso de batom. Esta atitude é muito importante, porque além de fixar o batom, elimina as sobras dos cantos da boca, que podem comprometer o resultado final.
Brilho 
Passe um brilho sobre os lábios se optar por um efeito umedecido. 





Blush 
Antes da aplicação, bata levemente o pincel retirando o excesso de produto, para obter um resultado natural. Pegue o mínimo de produto. O ideal é que a tonalidade vá surgindo aos poucos. Aplica-se o blush nas maçãs do rosto, conforme o formato de face da cliente. Finalize com a aplicação do pó compacto. 

Retoques finais 
É importante corrigir qualquer excesso (principalmente nos olhos) e conferir o resultado do trabalho. 
  • Verifique se o blush está na intensidade desejada. 
  • Meça novamente o limite das sobrancelhas e se perceber algum excesso de sombra retoque com corretivo ou pó compacto
Confira um exemplo de como pode ficar uma pessoa antes e depois de uma maquiagem:

Aplicação da Maquiagem em diferentes tipos de rostos, olhos e boca


Rosto



Redonda Aplicar o blush em forma de triângulo, desde a primeira linha que marca a metade do olho, até a parte externa das maçãs do rosto. Dar um toque no queixo. Esfumar as laterais da testa com o mesmo produto corretivo.








Quadrada Convém passar o blush horizontalmente, desde o nariz até a orelha, escurecendo as laterais. Dar um toque um pouco mais escuro perto das orelhas. O maxilar inferior deverá ser corrigido esfumando-se o blush na parte mais alta, dando a ilusão de ser mais escura.







Triangular Aplicar em forma de triângulo desde a parte mais alta das maçãs até a boca. Escurecer suavemente os lados da testa.







Oval Considerado o rosto perfeito, não necessita de correção especial, bastando dar um toque de cor no centro das maçãs, espalhando bem até as têmporas. Isso proporcionará à cútis um aspecto mais saudável.




Retangular Este tipo de face possui aspecto longilíneo, enfatizando a distância entre a testa e o queixo. Aplicar o blush no maxilar inferior em direção ao queixo e acrescentar um leve escurecimento nas extremidades da testa.








 Observações: 

  •  Podemos utilizar os seguintes produtos cosméticos de maquiagem para se fazer correções: 

Sombra
Blush
Pó compacto
Corretivo facial


  • Os tons devem ser um tom mais escuro que o tom da pele da cliente e podem variar entre os tons de bege e marrom, pois se aproximam mais da tonalidade de pele humana. 
  •  Os profissionais poderão escolher o que melhor lhe atender em relação aos produtos cosméticos para correção. 
  • Os pincéis também são instrumentos de grande importância nas correções. A largura do pincel será determinada conforme a área a ser corrigida.
Nariz
O disfarce do nariz deve ser feito com sutileza, sem linhas de demarcação aparente para evitar um aspecto pesado. Essa tarefa é feita com o blush de correção, que vai dos tons beges aos marrons, segundo esses formatos: 
 Nariz comprido – escurecendo a ponta.
 Nariz largo – escurecendo os lados do nariz e clareando o dorso. 
 Nariz fino – clareando os lados do nariz e escurecendo o dorso.

Dica importante Usa-se lápis marrom para modificar o nariz, mas, neste caso, o lápis deve ser aplicado antes do pó compacto, para poder ser mais facilmente atenuado.

Olhos

Deve ser aplicada uma sombra clara sobre a pálpebra e uma escura, espalhada para cima, na parte inferior dos olhos. Utilizar um tom claro abaixo da sobrancelha. Não se usam texturas mascaradas ou chapadas. Esfumar os cantos internos com sombras escuras e o externo com sombras claras

Para dar a sensação de que são mais separados, maquia-se a parte interna da pálpebra com um tom mais claro e a parte externa com um tom mais escuro, esfumando-a por igual até as têmporas.




Para aumentá-los é preciso usar sempre tons suaves e ressaltar os escuros. Uma sombra escura deve ser passada no ângulo externo, desenhando um triângulo, e uma clara no meio da pálpebra. 



Um tom mais claro deve ser passado sobre a pálpebra e um mais escuro na parte inferior dos olhos.





Caídos: Desenhar a linha do lábio superior, elevando-a ligeiramente nas extremidades. Utilizar tons vermelhos claros rosados.

Finos: Desenhar uma linha exatamente na borda exterior do lábio. Escolher tons rosados ou beges.

Grossos: Desenhar logo abaixo da linha natural dos lábios. Os tons mais adequados são os pastéis, rosados e alaranjados

Assimétricos:
- superior fino: Desenhar o contorno do lábio utilizando dois tons, um mais claro no lábio superior e um escuro no inferior.

- inferior fino: Se o lábio inferior for o mais fino, desenhar unicamente o contorno inferior





Candidíase

micose que atinge a superfície cutânea ou membranas mucosas, resultando em candidíase
oral, candidíase vaginal, intertrigo, paroníquia e onicomicose. A forma mais comum de candidíase
oral é a pseudomembranosa, caracterizada por placas brancas removíveis na mucosa oral. Outra
apresentação clínica é a forma atrófica, que se apresenta como placas vermelhas, lisas, sobre o
palato duro ou mole. A candidíase vulvo-vaginal caracteriza-se pela presença de leucorréia e placas
cremosas esbranquiçadas, na vulva e mucosa vaginal. O intertrigo atinge mais freqüentemente as
dobras cutâneas, nuca, virilhas, regiões axilares, inframamária e interdigitais. A irritação e maceração
da pele, provocada pela urina e pelas fezes na área das fraldas, favorecem o desenvolvimento da
levedura que provoca eritema intenso nas áreas de dobras cutâneas, com lesões eritemato-vésicopustulosas na periferia (lesões satélites). A infecção da unha (onicomicoses e paroníquea) caracterizasepor eritema e edema das dobras das unhas seguidas de distrofia ungueal e onicólise. Pode ocorrerinfecção secundária levando a paroníquea mista caracterizada pela presença de secreção purulenta.
As atividades com imersão freqüente em água e diabetes são fatores pré-disponentes nesse tipo de
candidíase. A infecção mucocutânea crônica pode estar associada com doenças endócrinas, como
diabetes melittus, tratamento com antibióticos de amplo espectro ou imunodeficiência, sendo
freqüente na infecção por HIV. Candidíase disseminada ocorre em recém-nascidos de baixo peso e
hospedeiros imunocomprometidos, podendo atingir qualquer órgão e evoluir para óbito. A
disseminação hematogênica pode ocorrer em pacientes neutropênicos, conseqüente ao uso de sondas
gástricas ou catéteres intravasculares, atingindo diversos órgãos ou prótese valvular cardíaca.

SINONÍMIA: monilíase, sapinho.

ETIOLOGIA: Candida albicans, Candida tropicalis e outras espécies de Candida. A Candida albicans
causa a maioria das infecções.

RESERVATÓRIO: o homem.

MODO DE TRANSMISSÃO: atrito, calor e umidade facilitam o desenvolvimento do fungo já existente
nas mucosas ou pele. O contato com secreções originadas da boca, pele, vagina e dejetos de
portadores ou doentes. A transmissão vertical dá-se da mãe para o recém-nascido, durante o
parto. Pode ocorrer disseminação endógena.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO: desconhecido.

DE TRANSMISSIBILIDADE: enquanto houver lesões.

COMPLICAÇÕES: esofagite, endocardite, ou infecção sistêmica, mais comum em imunodeprimidos,
diabéticos ou portadores de doenças que ocasionam anemias graves com queda da resistência.

DIAGNÓSTICO
⇒ CANDIDÍASE ORAL: além do aspecto clínico, visualização de leveduras e pseudohifas em exame
microscópico de esfregaço da lesão, preparado com hidróxido de potássio a 10%. As culturas permitem
a identificação da espécie.

⇒ ESOFAGITE: endoscopia com biopsia e cultura.

⇒ CANDIDÍASE INVASIVA: pode ser diagnosticada através de isolamento do microorganismo de
fluidos corporais (sangue, líquor, medula óssea) ou através de biopsia de tecidos. O achado
de cultura negativa, entretanto, não afasta o diagnóstico de candidíase sistêmica. Culturas
de material potencialmente contaminado, como urina, fezes ou pele, podem ser de difícil
interpretação, mas servem de apoio ao diagnóstico.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: candidíase mucocutânea tem como diagnóstico diferencial dermatite
seborréica, tinha cruris e eritrasma, leucoplasia pilosa por outras causas. A esofagite com
quadros clínicos semelhantes, causada por outros agentes, como citomegalovírus ou herpes
simples. Dermatite das fraldas. Eczema de contato. Gengivo-estomatite herpética. Difteria.

TRATAMENTO
⇒ CANDIDÍASE ORAL: nistatina suspensão ou tabletes, 500.000 a 1 milhão UI, 3 a 5 vezes ao
dia, durante 14 dias, uso tópico. Em crianças, utiliza-se a suspensão oral na dose de 1 a 2ml,
três vezes ao dia, durante 5 a 7 dias ou até a cura completa. Como tratamento de 2ª escolha
ou em pacientes imunocomprometidos, pode ser utilizado: cetoconazol, 200 a 400mg, via
oral, uma vez ao dia, para adultos. Em crianças, recomenda-se 4 - 7 mg/kg/dia, via oral, uma
vez ao dia, com duração de tratamento entre 7 a 14 dias. Outra opção é fluconazol, 50-
100mg, via oral, uma vez ao dia, devendo ser evitado seu uso em crianças.

⇒ ESOFAGITE EM PACIENTES IMUNODEPRIMIDOS: cetoconazol, 200 a 400mg, via oral, uma vez ao dia, durante 10 a 14 dias. Como 2ª escolha, pode ser utilizado fluconazol, 50 a 100mg/dia,
via oral, durante 14 dias, ou anfotericina B, em baixas doses (0,3mg/kg/dia), IV, durante 5 a
7 dias; para crianças, a dose de anfotericina B recomendada é de 0,5mg/kg/dia, IV, durante
7 dias.

⇒ CANDIDÍASE VULVOVAGINAL: recomenda-se isoconazol (nitrato), uso tópico, sob a forma de
creme vaginal, durante 7 dias ou óvulo, em dose única; como 2ª alternativa, tioconozol
pomada ou óvulo em dose única. Outras substâncias também são eficazes: clotrimazol,
miconazol, terconazol, tioconazol ou nistatina, em aplicação tópica.

⇒ CANDIDÍASE MUCOCUTÂNEA CRÔNICA: cetoconazol ou fluconazol, como 1ª escolha, e
anfotericina B para casos mais graves.

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS: 
a Candida albicans está presente na pele e mucosas depessoas saudáveis. Infecção mucocutânea leve é comum em crianças saudáveis e a doença invasiva
ocorre em pessoas imunodeprimidas. Vulvovaginite por Candida ocorre com freqüência em
gestantes, podendo ser transmitida ao recém-nascido em útero, durante o parto ou na fase pósnatal.

OBJETIVO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: diagnosticar e tratar precocemente os casos para evitar
complicações e nas gestantes reduzir o risco de transmissão perinatal.

NOTIFICAÇÃO: não é doença de notificação compulsória.

MEDIDAS DE CONTROLE: tratamento precoce dos indivíduos atingidos. Orienta-se a desinfecção concorrente das secreções e artigos contaminados. Sempre que possível, deverá ser evitada antibioticoterapia prolongada de amplo espectro. Cuidados específicos devem ser tomados com uso de cateter venoso, como troca de curativos a cada 48 horas e uso de solução à base de iodo
e povidine.

Anthrax ou Carbúnculo

É uma toxiinfecção aguda que em geral ataca a pele e raramente o nasofaringe, vias respiratórias inferiores, mediastino e vias intestinais. A forma cutânea se manifesta inicialmente por prurido na pele exposta ao agente seguido do aperecimento de lesões confluentes: pápulas, pústulas, vesículas e úlceras indolores que em dois a seis dias transformam-se em escaras escuras. Os locais mais freqüentes da infecção são cabeça e mãos. Quando não tratada dissemina-se para os linfonodos regionais e para a corrente sangüínea, e conseqüentemente pode ocorrer septicemia. A letalidade da forma cutânea sem tratamento pode atingir 5 a 20%. A forma respiratória, via de regra, é letal. Os sintomas iniciais são mínimos e inespecíficos e assemelhamse a uma infecção comum das vias respiratórias superiores mas após três a cinco dias aparecem os sintomas agudos de insuficiência respiratória, sinais radiológicos de alargamento mediastínico, febre, choque e logo depois morte. A forma intestinal, adquirida por ingestão de carne contaminada, é rara e mais difícil de ser identificada, exceto quando existe vínculo epidemiológico. Caracteriza-se por mal-estar abdominal, vômitos, febre, que evolui para diarréia sanguinolenta, abdome agudo, sinais de septicemia e morte. A enfermidade primária bucofaríngea é rara, e quando ocorre, manifesta-se por lesão de mucosa na cavidade oral ou da orofaringe, acompanhada de adenopatia cervical, edema e febre.

SINONÍMIA: anthrax, carbúnculo. Na língua inglesa é conhecido como anthrax. No Brasil, a confluência de furuncúlos, que é um diagnóstico clínico diferencial da toxiinfecção causada pelo Bacillus anthracis, tanto é denominada como cárbunculo como antraz. Na vigência desta furunculose multifocal a suspeita de infecção pelo Bacillus anthracis, deve ser levantada quando há história epidemiológica compatível.

ETIOLOGIA: Bacillus anthracis, bacilo móvel, gram positivo, encapsulado, formador de esporos.

RESERVATÓRIO: animais herbívoros, domésticos e selvagens. Os esporos resistem viáveis em solos contaminados e em couros secos.

MODO DE TRANSMISSÃO: contato da pele, inalação ou ingestão de esporos existentes em tecidos ou objetos contaminados - lã, couro, osso e pelo - de animais (bois, ovelhas, cabras, cavalos). Aventa-se a possibilidade de transmissão por insetos que tenham se alimentado dos ditos animais. Contato com solo contaminado. A transmissão direta de um indivíduo infectado para uma pessoa sadia é muito pouco provável de ocorrer.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO: de 24 horas a sete dias.

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: quando a contaminação se dá por objetos e solos contaminados por esporos, estes permanecem infectantes por décadas.

COMPLICAÇÕES: pneumonia, hemorragia gastro-intestinal, septicemia, meningites.

DIAGNÓSTICO: clínico-epidemiológico e laboratorial. Este último é feito mediante isolamento do Bacillus anthracis no sangue, lesões, secreções, ou tecidos (histopatologia). Pode-se ainda detectar anticorpos no sangue pela técnica de imunofluorescência.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: furunculose cutânea causada por Staphylococcus e ou Streptococcus, dermatite pustulosa contagiosa (enfermidade vírica de Orf).

TRATAMENTO: para os casos confirmados com cepas do Bacillus anthracis sensíveis à amoxicilina, esta é a droga de escolha, sendo a dose para adultos de 500mg, VO, 3 vezes ao dia e para crianças com menos de 20kg, usar 40mg/kg/dia, VO dividida em três doses diárias. Pode-se utilizar também doxiciclina como segunda escolha. Para cepas resistentes utiliza-se a ciprofloxacina por via oral na dose de 500mg, duas vezes ao dia para adultos e em crianças menores de 20kg, 20 a 30mg/kg por dia, dividida em duas doses diárias. O esquema utilizado deve ser mantido por 60 dias. Avaliar indicação de utilização desta droga por via parenteral.

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS: o homem é um hospedeiro acidental e a incidência é muito baixa e geralmente esporádica em quase todo o mundo. É um risco ocupacional de trabalhadores que manipulam herbívoros e seus produtos. Tem casos registrados na América do Sul e Central, Ásia e África. Recentemente ocorreram casos nos Estados Unidos da América que tem sido imputados a guerra biológica.

OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: diagnóstico e tratamento precoce dos casos para evitar complicações e óbitos. Identificação da fonte de infecção para adoção de medidas de controle e desinfecção concorrente. Não há indicação de Isolamento dos casos.

NOTIFICAÇÃO: evento inusitado de notificação compulsória imediata.

DEFINIÇÃO DE CASO 
⇒ SUSPEITO:
um caso compatível com a descrição clínica ou que tenha exposição a algum material, ou animal ou produtos animais contaminados pelo B. anthracis.

⇒ CONFIRMADO: 
a) indivíduo com infecção pelo B. anthracis confirmada laboratorialmente;

 b) indivíduo com exposição a algum material, ou animal ou produtos animais contaminados pelo B. anthracis e quadro clínico compatível.

MEDIDAS DE CONTROLE: a vacina humana só produz imunidade após 18 meses da aplicação. Nos EUA a vacina humana é utilizada somente em grupos especiais e não está disponível no Brasil. A quimioprofilaxia não está indicada de modo indiscriminado por ser ineficaz e poder gerar resistência medicamentosa. Administra-se só em situações específicas onde tenha ocorrido uma exposição de risco. É iniciada enquanto são aguardados os resultados finais confirmatórios, nasseguintes situações:
a) exposição com elevado grau de suspeição;
b) detecção de presença de bactérias morfologicamente semelhantes ao B. anthracys.

Utiliza-se:
 a) amoxicilina na dose de 500mg, três vezes ao dia, para adultos e 40mg/kg/dia para crianças com menos de 20kg, dividida em três doses diárias;
b) ou doxociclina 100mg/2 vezes ao dia, em adultos, para crianças com menos de 20kg, 5mg/kg/dia, divididas em duas doses diárias;
c) em casos de resistência aos antibióticos anteriores a droga indicada é a ciprofloxacina por via oral na dose de 500mg, duas vezes ao dia para adultos e em crianças menores de 20kg, 20 a 30mg/kg por dia, dividida em duas doses diárias. O esquema utilizado deve ser mantido por 60 dias.

HIV - Disfunção grave e progressiva do sistema imunológico.

Doença caracterizada por uma disfunção grave e progressiva do sistema imunológico do indivíduo infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Sua evolução pode ser dividida em 3 fases: infecção aguda, que pode surgir algumas semanas após a infecção inicial, com manifestações como febre, calafrios, sudorese, mialgias, cefaléias, dor de garganta, sintomas gastrointestinais, linfadenopatias generalizadas e erupções cutâneas. A maior parte dos indivíduos apresenta sintomas auto-limitados que desaparecem após algumas semanas. Entretanto, a maioria não é diagnosticada devido à semelhança com outras doenças virais. Em seguida, o paciente entra em uma fase de infecção assintomática, de duração variável de alguns anos. A doença sintomática, da qual a aids é a sua manifestação mais grave, ocorre na medida em que o paciente vai apresentando alterações mais acentuadas da imunidade, com o surgimento de febre prolongada, diarréia crônica, perda de peso importante (superior a 10% do peso anterior do indivíduo), sudorese noturna, astenia e adenomegalia. As infecções oportunistas passam a surgir ou recidivar, tais como tuberculose, pneumonia por Pneumocistis carinii, toxoplasmose cerebral, candidíase oroesofágica, meningite por criptococos e retinite por citomegalovírus, dentre outras. Tumores raros em indivíduos imunocompetentes, como o Sarcoma de Kaposi e certos tipos de linfoma, podem surgir, caracterizando a aids. A ocorrência de formas graves ou atípicas de doenças tropicais, como paracoccidioidomicose, leishmanioses e doença de Chagas, tem sido observada no Brasil.

SINONÍMIA: SIDA, aids, doença causada pelo HIV, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

 ETIOLOGIA: vírus RNA. Retrovírus atualmente denominado como Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), com 2 tipos conhecidos: o HIV-1 e o HIV-2. Antes de 1986, era denominado como HTLV-III/LAV.

RESERVATÓRIO: o homem.

MODO DE TRANSMISSÃO: sexual, sangüínea (via parenteral) e da mãe para o filho, no curso da gravidez, durante ou após o parto e pelo aleitamento materno no período pós parto. São fatores de risco associados aos mecanismos de transmissão do HIV: variações freqüentes de parceiros sexuais sem uso de preservativos; presença de outras DST concomitantes, utilização de sangue ou seus derivados sem controle de qualidade; compartilhamento ou uso de seringas e agulhas não esterilizadas (como acontece entre usuários de drogas injetáveis); gravidez em mulher infectada pelo HIV; e transplante de órgãos ou recepção de sêmen de doadores infectados. É importante ressaltar que o HIV não é transmitido pelo convívio social ou familiar, abraço ou beijo, alimentos, água, picadas de mosquitos ou de outros insetos.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO: é o período compreendido entre a infecção pelo HIV e a fase aguda ou aparecimento de anticorpos circulantes. Na grande maioria dos pacientes esse período varia entre 1 e 3 meses após o contato infeccioso, podendo ocasionalmente chegar a 6-12 meses em alguns poucos casos relatados na literatura médico-científica.

PERÍODO DE LATÊNCIA: é o período compreendido entre a infecção pelo HIV e os sintomas e sinais que caracterizam a doença causada pelo HIV (aids). As medianas desse período estão entre 7 e 12 anos, dependendo da via de infecção envolvida.

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: é variável, mas o indivíduo infectado pelo HIV pode transmitir durante todas as fases da infecção, sendo esse risco proporcional à magnitude da viremia e presença de outros co-fatores.

COMPLICAÇÕES: infecções por agentes oportunistas associados com o comprometimento predominante da imunidade celular, tais como citomegalovírus, herpes, cândidas, criptococos, P. carinii, T. gondii, M. tuberculosis e outras micobacterioses. Essas infecções podem ocorrer por reativação de foco endógeno e/ou infecção exógena. Pode haver complicações pelo aparecimento de Sarcoma de Kaposi e outras neoplasias.

DIAGNÓSTICO: a detecção laboratorial do HIV é realizada por meio de técnicas que pesquisam ou quantificam anticorpos, antígenos, material genético por técnicas de biologia molecular (carga viral) ou isolamento direto do vírus (cultura). Na prática, os testes que pesquisam anticorpos (sorológicos) são os mais utilizados. O aparecimento de anticorpos detectáveis por testes sorológicos ocorre num período médio de 6 a 12 semanas da infecção inicial. Denomina-se “janela imunológica” esse intervalo entre a infecção e a detecção de anticorpos por técnicas laboratoriais convencionais. Durante esse período, as provas sorológicas podem ser falso-negativas. Devido à importância do diagnóstico laboratorial, particularmente pelas conseqüências de se ”rotular” um indivíduo como HIV positivo e para ter-se uma maior segurança no controle de qualidade do sangue e derivados, recomenda-se que os testes de detecção laboratorial eventualmente reagentes em uma primeira amostra sejam repetidos e confirmados conforme normatização estabelecida pelo Ministério da Saúde.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: imunodeficiências por outras etiologias.

TRATAMENTO: nos últimos anos, foram obtidos grandes avanços no conhecimento da patogênese da infecção pelo HIV; várias drogas anti-retrovirais foram desenvolvidas e se mostram eficazes para o controle parcial da replicação viral, diminuindo a progressão da doença e levando a uma redução da incidência das complicações oportunistas, a uma maior sobrevida, bem como a uma significativa melhora na qualidade de vida dos indivíduos. Em 1994, foi comprovado que o uso da zidovudina (AZT) pela gestante infectada durante a gestação, bem como pelo recém-nascido, durante as primeiras semanas de vida, pode levar a uma redução de até 2/3 no risco de transmissão do HIV da mãe para o filho. A partir de 1995, o uso da monoterapia foi abandonado, passando a ser recomendação, do Ministério da Saúde, a utilização de terapia combinada com 2 ou mais drogas anti-retrovirais para o controle da infecção crônica pelo HIV. Atualmente, a terapia antiretroviral padrão recomendada é de 3 ou mais drogas, sendo o uso de terapia dupla uma situação execpional (certas situações de quimioprofilaxia para exposição ocupacional). São numerosas as possibilidades de esquemas terapêuticos indicados pela Coordenação Nacional de DST e AIDS, que variam, conforme a presença ou não de doenças oportunistas, valor da contagem de células TCD4+ e magnitude da carga viral plasmática. Os parâmetros para indicação de tratamento e dosagem dos medicamentos para os adultos são diferentes para as crianças. Por esse motivo, recomenda-se a leitura das Recoemendações para Terapia Anti-retroviral em Adultos e Adolescentes infectados pelo HIV”, “Recomendações para Profilaxia da transmissão Maternoinfantil e Terapia Anti-retrovral em Gestantes” e do “Guia de Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV em Crianças”, ambos distribuídos pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais de Saúde para instituições que manejam esses pacientes. Não menos importante é enfatizar que o Brasil é um dos poucos países que financia integralmente a assistência ao paciente com aids na rede pública de saúde, com gastos, só em medicamentos, em mais de 1 bilhão de reais em 2001, atendendo mais de 100.000 pacientes em todo o território nacional.

OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: prevenir a transmissão e disseminação do HIV e reduzir a morbi-mortalidade associada à essa infecção.

NOTIFICAÇÃO: somente os casos confirmados deverão ser notificados ao Ministério da Saúde.

 DEFINIÇÃO DE CASO: entende-se por caso de aids o indivíduo que se enquadra nas definições adotadas pelo Ministério da Saúde: infecção avançada pelo HIV com repercussão no sistema imunitário, com ou sem ocorrência de sinais e sintomas causados pelo próprio HIV ou conseqüentes a doenças oportunistas (infecções e neoplasias). Os critérios para caracterização de casos de aids estão descritos nas publicações: “Revisão da Definição Nacional de Casos de AIDS em Indivíduos com 13 anos ou mais, para fins de Vigilância Epidemiológica”  e “AIDS e Infecção pelo HIV na Infância”.

 MEDIDAS DE CONTROLE 
⇒ PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO SEXUAL: baseia-se na informação e educação visando a prática do sexo seguro, através da redução do número de parceiros e do uso de preservativos.

⇒ PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO SANGÜÍNEA:
a) transfusão de sangue: todo o sangue para ser transfundido deve ser obrigatoriamente testado para detecção de anticorpos anti-HIV. A exclusão de doadores em situação de risco aumenta a segurança da transfusão, principalmente por causa da “janela imunológica”;

b) hemoderivados: os produtos derivados de sangue, que podem transmitir o HIV, devem passar por processo de tratamento que inative o vírus;

c) injeções e instrumentos pérfuro-cortantes: quando não forem descartáveis devem ser meticulosamente limpos para depois serem desinfetados e esterilizados. Os materiais descartáveis, após utilizados, devem ser acondicionados em caixas apropriadas, com paredes duras, para que acidentes sejam evitados. O HIV é muito sensível aos métodos padronizados de esterilização e desinfecção (de alta eficácia). O HIV é inativado através de produtos químicos específicos e do calor, mas não é inativado por irradiação ou raios gama;

d) doação de sêmen e órgãos: rigorosa triagem dos doadores;

e) transmissão perinatal: uso de zudovudina no curso da gestação de mulheres infectadas pelo HIV, de acordo com esquema padronizado pelo Ministério da Saúde, associado à realização do parto cesáreo, oferece menor risco de transmissão perinatal do vírus. No entanto, a prevenção da infecção na mulher é ainda a melhor abordagem para se evitar a transmissão da mãe para o filho.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Desnutrição - Causas, prevenção e tratamento.


A desnutrição pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma deficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais.

Causas
A desnutrição pode apresentar caráter primário ou secundário, dependendo da causa que a promoveu.

Causas primárias 
A pessoa come pouco ou“mal”. Ou seja, tem uma alimentação quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e nutrientes.

Causas secundárias
A ingestão de alimentos não é suficiente porque as necessidades energéticas aumentaram ou por qualquer outro fator não relacionado diretamente ao alimento. Exemplos: presença de verminoses, câncer, anorexia, alergia ou intolerância alimentares, digestão e absorção deficiente de nutrientes.

Outros fatores relacionados às causas da desnutrição
A desnutrição também pode ser causada por:
Desmame precoce
O desmame precoce pode causar desnutrição em crianças entre 0 e 2 anos de idade. De modo geral, o desmame no Brasil se dá em torno de duas semanas ou num período menor do que três meses de idade. A alimentação introduzida normalmente é insuficiente para satisfazer as necessidades dos lactentes entre famílias de baixo poder aquisitivo. Além disso, as condições sanitárias insatisfatórias e práticas inadequadas de higiene acompanham a desnutrição, o que favorece a ocorrência de parasitoses, infecções e diarréia. O apetite diminui por causa das dores abdominais e às vezes da febre.
A criança passa a comer menos do que o normal e provavelmente menos do que precisa para ter um crescimento e desenvolvimento normais.

Socioeconômicos 
Crianças provenientes de famílias de baixa renda apresentam um risco maior relacionado a deficiências alimentares. Além disso, condições sanitárias precárias contribuem para o aparecimento de  infecções, parasitoses e da desnutrição.

Culturais 
Fatores culturais influenciam muito o consumo de alimentos.  Mitos, crenças e tabus podem interferir negativa ou positivamente nos aspectos nutricionais, sendo mais comuns os prejuízos que os benefícios.

Renda e disponibilidade de alimentos:
Quanto mais alta a renda, maior é o gasto com hortaliças, frutas  e outros elementos variados. A dieta, é claro, tem melhor qualidade. Quanto menor a renda, maior o comprometimento tanto da qualidade quanto da quantidade de alimentos consumidos.

Métodos de Diagnóstico
Existem diversos métodos de diagnosticar a desnutrição. Eles vão desde uma avaliação clínica (observação de características como peso, altura e idade) até uma completa avaliação do estado nutricional do paciente, incluindo, além da análise clínica, dados sobre alimentação, avaliação bioquímica e imunológica, avaliação metabólica e diagnóstico nutricional. Os profissionais capacitados para fazer tal diagnóstico são o nutricionista e o médico.

Conseqüências
A desnutrição leva a uma série de alterações na composição corporal e no funcionamento normal do organismo. Quanto mais grave for o caso, maiores e também mais graves serão as repercussões orgânicas. As principais alterações são:

              NORMAL                 DESNUTRIÇÃO              
  •  Grande perda muscular e dos depósitos de gordura, provocando debilidade física. 
  •  Emagrecimento: peso inferior a 60% ou mais do peso ideal (adultos) ou do peso normal (crianças). 
  •  Desaceleração, interrupção ou até mesmo involução do crescimento. 
  •  Alterações psíquicas e psicológicas: a pessoa fica retraída, apática, estática, triste. 
  •  Alterações de cabelo e de pele: o cabelo perde a cor (fica mais claro), a pele descasca e fica enrugada. 
  •  Alterações sangüíneas, provocando, dentre elas, a anemia. 
  •  Alterações ósseas, como a má formação. 
  •  Alterações no sistema nervoso: estímulos nervosos prejudicados, número de neurônios diminuídos, depressão, apatia. 
  •  Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratório, imunológico, renal, cardíaco, hepático, intestinal etc. 


A pessoa desnutrida fica mais sujeita a infecções, por causa da perda muscular e, especialmente, da queda nas defesas corporais.

Todos esses problemas são mais graves nas crianças de 0 a 5 anos de idade, porque elas são mais vulneráveis biologicamente e mais dependentes do ponto de vista social e econômico. Convém lembrar ainda que nesse período da vida o crescimento e desenvolvimento físico e mental são muito acentuados.

Outros efeitos da desnutrição são o aumento da morbidade e da mortalidade, além de hospitalização e convalescência prolongadas.

Uma população desnutrida representa também maiores gastos em saúde para o país, desde os cuidados primários até a internação. Além disso, é mais difícil para essa população conseguir emprego, o que acarreta problemas socioeconômicos que podem agravar ainda mais o quadro da desnutrição em todo o país, gerando um ciclo vicioso.

Desemprego > Fome > Desnutrição > Fatores sociais, políticos, econômicos >

Prevenção
As principais maneiras de prevenir a desnutrição são:

  •  Orientar corretamente a população a respeito do aleitamento materno, através da formação de profissionais de saúde e educadores capacitados. 
  •  Divulgar  informações práticas sobre o conceito de alimentação saudável em locais e em meios de comunicação de fácil acesso à população. 
  •  Realizar  programas governamentais de suplementação alimentar que atinjam todo o país e, especialmente, os mais necessitados.
Tratamento
O tratamento da desnutrição varia de acordo com a gravidade da doença. Os principais objetivos do tratamento são:

  •  Recuperar o estado nutricional. 
  •  Normalizar as alterações orgânicas ocasionadas pela desnutrição. 
  •  Promover o crescimento (no caso das crianças) e o ganho de peso. 


Existem recomendações gerais que ajudam no tratamento de desnutridos: uma dieta específica para o caso, aliada a uma educação (ou reeducação) alimentar; orientações sobre higiene alimentar e pessoal; e a participação familiar e comunitária nesse processo. Vamos tratar desses temas a seguir.

Dieta e educação alimentar 
A dieta deve possibilitar a reposição, manutenção e reserva adequadas de nutrientes no organismo. Para tanto, deve ser elaborada e acompanhada por um nutricionista.

A educação alimentar é muito importante em todas as etapas da vida. Como a desnutrição é bastante comum na infância, torna-se essencial e urgente que as pessoas que fazem parte do processo de educação/formação das crianças (família, professores) tenham acesso a informações sobre o correto aproveitamento dos alimentos e a alimentação saudável. Só então as crianças poderão ser bem orientadas e cuidadas!

Algumas sugestões para aproveitar ao máximo o valor nutritivo dos alimentos, em especial das frutas e verduras:

  •  Frutas e verduras devem ser consumidas bem frescas, pois os nutrientes vão se perdendo com o amadurecimento e com o tempo de armazenamento. 
  •  Evite bater esses alimentos no liqüidificador para não perder algumas vitaminas, como a vitamina C.
  •  Ao cozinhar as verduras, mantenha a tampa da panela fechada. 
  •  Não cozinhe demais os alimentos, principalmente os vegetais. 
  •  Aproveite a água que sobrou do cozimento para preparar outro prato, como sopas, cozidos ou sucos. 
  •  Não coloque nenhuma substância para ressaltar a cor dos vegetais (como bicarbonato de sódio), pois as vitaminas se perdem. 
  •  Não submeta nenhum alimento a temperaturas altas demais; prefira o fogo brando. n Conserve os alimentos de maneira adequada: em geladeira ou à temperatura ambiente, entre 20 e 27o C. 


É importante dar orientações sobre a melhor forma de ter uma alimentação equilibrada, levando em consideração a realidade da população. Esse tipo de orientação é indispensável no tratamento, mas principalmente na prevenção da doença.

Higiene alimentar e pessoal
As parasitoses podem, indiretamente, levar à desnutrição, por vários motivos:

  •  Diminuição da capacidade de absorção de nutrientes. 
  •  Hemorragias ocultas, isto é, a pessoa não sabe que está perdendo sangue, o que acaba provocando anemia, entre outras deficiências de nutrientes. 
  •  Diarréias freqüentes, o que dificulta o aproveitamento dos alimentos pelo organismo etc.



Alimentação saudável
O Ministério da Saúde elaborou “os 10 mandamentos da alimentação saudável”, com as atitudes que devem ser seguidas no dia-adia para garantir uma dieta equilibrada. É importante lembrar que estas são recomendações para pessoas saudáveis. São elas:

  1. Comer frutas e verduras. Esses alimentos são ricos em vitaminas, minerais e fibras. 
  2. Para cada 2 colheres de arroz, comer 1 de feijão. Esses dois alimentos se complementam, principalmente no que diz respeito às proteínas (a proteína que falta em um, tem no outro e viceversa). O hábito bem brasileiro de comer o arroz com feijão tem sido bastante recomendado! 
  3. Evitar gorduras e frituras. Comer muitos alimentos ricos em gorduras pode provocar o aparecimento de doenças como a obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes, entre outras. 
  4. Usar 1 lata de óleo para cada 2 pessoas da casa por mês. Essa medida  serve para a pessoa ter uma idéia da quantidade de óleo que deve ser usada no preparo dos alimentos. 
  5. Realizar 3 refeições principais e 1 lanche por dia. Isso evita longos períodos em jejum. O ideal é comer mais vezes por dia, mas em menores quantidades (aumentar a freqüência e diminuir o volume). Quem fica muitas horas sem se alimentar acaba sentindo muita fome e comendo exageradamente — o mesmo acontece com quem não tem hora certa para comer ou “pula” uma das refeições;
  6. Comer com calma e não na frente da T. V. Quando comemos com pressa, não saboreamos o alimento e demoramos mais tempo para ficar satisfeitos. Por isso, comemos mais. É como se o organismo não tivesse tempo suficiente para “perceber” a quantidade de alimento ingerida. Comer e assistir à televisão ao mesmo tempo faz com que a pessoa se distraia e não controle a quantidade de alimentos que está consumindo. Além disso, as propagandas de produtos alimentícios despertam ainda mais o apetite e, por conseqüência, a gula. 
  7. Evitar doces e alimentos calóricos. Devemos prestar atenção não só na  quantidade, mas também na qualidade dos alimentos,  pois existem aqueles que são pobres em nutrientes e ricos em calorias. São chamados “calorias vazias”. O consumo exagerado desses alimentos, que em geral são os doces e alimentos gordurosos, facilitam o surgimento de doenças como a obesidade, diabetes e doenças do coração, entre outras. 
  8. Comer de tudo, mas caprichar nas verduras, legumes, frutas e cereais. Não é preciso “cortar” nenhum alimento da dieta. Basta estar atento às quantidades e dar preferência aos alimentos ricos em nutrientes ao invés de calorias. É importante ainda não esquecer os “sagrados” 8 copos de água por dia. 
  9. Atividade física: duração e freqüência. O ideal é fazer um pouco de atividade física
  10.  todos os dias. Você não precisa ficar várias horas fazendo exercícios e suando sem parar. “Pegar pesado” é para atletas. A criança, assim como as pessoas em geral, deve procurar uma atividade que lhe agrade, convidar um amigo para participar... o professor de Educação Física é a pessoa certa para dar orientações sobre o assunto. O que você não pode é ficar parado! 


Dicas de higiene dos alimentos

  •   Tocar nos alimentos apenas antes de cozinhar ou durante a lavagem dos mesmos (e com as mãos bem limpas!). 
  •  Beber somente água filtrada ou fervida. 
  •  Lavar muito bem as verduras, legumes e frutas, usando sabão e água corrente, se possível, filtrada ou fervida. 
  •  Cozinhar bem os alimentos, principalmente as carnes. 
  •  Fazer a comida perto do horário de servi-la. 
  •  Manter os alimentos cobertos ou em recipientes bem fechados.
  •  Não falar, tossir ou espirrar em cima dos alimentos. 
  •  Não comer alimentos com aparência ou cheiro impróprios.


Dicas de higiene pessoal

  •  Tomar banho todos os dias e manter-se limpo. 
  •  Manter as unhas limpas e cortadas. 
  •  Escovar os dentes após as refeições. 
  •  Usar roupas limpas. 
  •  Lavar as mãos: antes de pegar em alimentos; antes de comer qualquer alimento; depois de ir ao banheiro; depois de pegar em dinheiro, em algum objeto sujo ou em animais. 


 Vida saudável
Para ter uma vida saudável, não basta uma dieta equilibrada ou a prática de exercícios físicos. Em cada etapa da vida, existem atividades que devem fazer parte do cotidiano do indivíduo. Na infância, são as brincadeiras, a presença dos pais ou responsáveis e dos professores, os colegas e os estudos...

Para a nossa sorte, o conceito de saúde aceito atualmente engloba não apenas o estado físico, mas também o mental e o social. Sendo assim, o significado dessa palavra, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é o seguinte:
“A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doenças e enfermidades.” 
Tal conceito requer bastante reflexão e atitude pois torna a sociedade como um todo, e não apenas profissionais e políticos, responsável pela saúde da população.

Obesidade

Obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura corporal, que causa prejuízos à saúde do indivíduo. A obesidade coincide com um aumento de peso, mas nem todo aumento de peso está relacionado à obesidade, a exemplo de muitos atletas, que são “pesados” devido à massa muscular e não adiposa.


Classificação
Existem diversas maneiras de classificar e diagnosticar a obesidade. Uma das mais utilizadas atualmente baseia-se na gravidade do excesso de peso, o que se faz através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC ou Índice de Quetelet), utilizando-se a seguinte fórmula: IMC = Peso atual (kg) / altura2 (m2 ) O uso do IMC é prático e simples e a sua aplicação é recomendada para adultos.
A avaliação da massa corporal em crianças e adolescentes é feita através de tabelas que relacionam idade, peso e altura. O IMC não é indicado nessas faixas etárias porque crianças e adolescentes passam por rápidas alterações corporais decorrentes do crescimento. A rede pública de saúde usa o  “cartão da criança” para verificar a adequação da altura e do peso até os 5 anos de idade. O  acompanhamento é feito nos postos de saúde. A classificação a seguir mostra os diferentes graus de obesidade em adultos: Classificação IMC(kg/m2)

baixo peso menor que 18,5
normal 18,5 – 24,9
sobrepeso maior que 25
pré-obeso 25 – 29,9
obeso I 30 – 34,9
obeso II 35 – 39,9
obeso III Maior que 40

Quanto maior for o IMC de uma pessoa, maior a chance dela morrer precocemente e de desenvolver doenças do tipo diabete melito, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares.  Mas isso não significa dizer que quanto mais magro melhor, pois o índice de mortalidade também aumenta em indivíduos com IMC muito baixo, especialmente por causa de doenças infecciosas e dos pulmões. O ideal é manter-se entre as faixas de 20 a 25kg/m2.
Sozinho, o IMC não é indicador suficiente da gravidade do problema de peso em excesso, pois o tipo de distribuição dessa gordura pelo organismo também é importante. Existem diversos tipos de obesidade quanto à distribuição de gordura. Os mais característicos são o que dá ao corpo o formato de uma maçã (mais comum em homens) e o que torna o corpo parecido com uma pêra, fino em cima e largo nos quadris e nas coxas (mais comum em mulheres). A obesidade em forma de maçã está associada a doenças como o diabete não dependente de insulina e as enfermidades cardiovasculares. A obesidade em forma de pêra está associada à celulite e varizes, além de problemas de pele e ortopédicos.

Epidemiologia
O número de crianças e adultos obesos é cada vez maior, tanto em países pobres ou ricos e até mesmo em países que se caracterizam por uma população magra, como é o caso do Japão. A  Organização Mundial de Saúde passou a considerar a obesidade como um problema de saúde pública tão preocupante quanto a desnutrição.

No Brasil, estima-se que 20% das crianças sejam obesas e que  cerca de 32% da população adulta apresentem algum grau de excesso de peso, sendo 25% casos mais graves. A obesidade é um problema sério em todas as regiões do país, mas a situação é ainda mais crítica no Sul. De acordo com dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) de 1989, a prevalência de obesidade em brasileiros com mais de 18 anos de idade é de 28%, no caso dos homens, e de 38% no caso das mulheres. Nos Estados Unidos, a prevalência é de 34% em homens e de 55% em mulheres, com idade entre 20 e 64 anos. Apesar das diferenças econômicas, os países, desenvolvidos ou não, vivem o mesmo problema da alta e crescente prevalência de excesso de peso.

O número de obesos é maior nas áreas urbanas e também está relacionado ao poder aquisitivo familiar. Quanto maior a renda, maior a prevalência de obesidade, mas esta é cada vez mais alta em mulheres de baixa renda e tende a se estabilizar ou até mesmo diminuir nas classes de renda mais elevada.
A presença do excesso de peso na população menos favorecida pode ser explicada pela falta de orientação alimentar adequada, atividade física reduzida e pelo consumo de alimentos muito calóricos, como cereais, óleo e açúcar. Tais alimentos são mais baratos e fazem parte de hábitos alimentares tradicionalmente incorporados. O problema da obesidade cresce menos entre a população mais privilegiada porque ela tem maior acesso a informações sobre os prejuízos que a doença acarreta, a melhora dos hábitos alimentares e a prática de atividade física regular.

Causas
As pessoas engordam por quatro motivos: comem muito, têm gasto calórico dimimuído, acumulam gorduras mais facilmente ou têm mais dificuldade de queimá-las. O gasto calórico significa a queima de energia que uma pessoa apresenta durante as 24 horas do dia e isso inclui o gasto calórico com a alimentação (energia gasta nos processos de digestão, absorção e transporte de nutrientes) e com a atividade física.

A capacidade de transformar calorias em gorduras varia de indivíduo para indivíduo e isso explica porque duas pessoas com o mesmo peso e altura, que comem os mesmos alimentos, podem fazer gordura com menor ou maior eficiência e esta última é que tenderá a ser gorda.

 A habilidade de queimar gorduras também varia de pessoa para pessoa. Podemos queimar as calorias do nosso organismo a partir das gorduras do tecido adiposo, das proteínas dos músculos e do glicogênio do fígado, entre outros. O indivíduo apresentará menor tendência de engordar e maior capacidade de emagrecer quanto maior for a sua capacidade de queimar as gorduras.

Todas essas condições ocorrem não apenas por mecanismos orgânicos, mas, em especial, por fatores genéticos.

Fatores genéticos
Crianças de pais obesos apresentam maior risco de se tornarem obesas quando comparadas às crianças cujos pais apresentam peso normal. O quadro a seguir mostra a porcentagem de risco de uma criança se tornar obesa relacionada à obesidade dos pais:

Pais     Risco para a criança:
Ambos obesos 80%
Pai ou mãe obeso (a) 40%
 Ambos não obesos 10%

Já no caso das doenças multifatoriais, isto é, que apresentam diversas causas, é difícil distinguir os efeitos dos genes dos efeitos ambientais, como hábitos alimentares e sedentarismo em indivíduos que vivem no mesmo ambiente.

Estudos feitos com gêmeos univitelinos, ou seja, geneticamente idênticos, demonstraram nítida correlação de peso, mesmo quando as crianças são criadas separadamente. Do mesmo modo, verificase que o peso de crianças adotivas possui semelhança maior com o de seus pais verdadeiros do que com os de adoção.

A influência da genética na obesidade já era reconhecida por volta dos anos 70. Mas foi na década de 90, quando se identificou o gene que expressa a leptina, que o conceito sobre essa doença começou a mudar completamente para os cientistas, comprovando a origem genética dessa patologia. A leptina é uma proteína que “avisa” o cérebro quando o organismo está satisfeito e deve começar a queimar as calorias ingeridas. O estudo foi feito com camundongos e verificou-se que, sem essa substância em ação, o camundongo não só desconhece a sensação de saciedade como é também incapaz de queimar as calorias ingeridas com eficiência. Tanto o excesso de apetite quanto a pouca saciedade podem ser explicados por fatores genéticos.

A queima ineficiente de gordura também pode estar relacionada à leptina ou, ainda, a outros componentes orgânicos, como hormônios, enzimas, receptores etc.

 A distribuição da gordura corporal em uma região ou outra do corpo tem a ver com o sexo, mas também resulta de fatores genéticos e ambientais.

 A base genética da obesidade é complexa e várias pesquisas e teorias têm sido feitas a respeito. Mas o assunto é ainda objeto de muitos estudos.

Endocrinopatias
 As doenças de origem  hormonal são causas raras da obesidade (inferior a 10% dos casos).  Algumas delas são: síndrome hipotalâmica, síndrome de cushing, hipotireoidismo, síndrome dos ovários policísticos, pseudo-hipoparatireoidismo, hipogonadismo, deficiência de hormônios do crescimento, insulinoma e hiperinsulinismo.

Baixa atividade física 
O exercício físico contribui com 8 a 20% do gasto diário total de energia. Além disso, pode modular o apetite, pois ajuda a regular os mecanismos cerebrais que controlam a ingestão de alimentos. Também proporciona um aumento da massa corporal magra (músculos) e provoca alterações enzimáticas que facilitam a queima de gordura nos tecidos, o que torna o indivíduo ativo mais propenso a perder peso e a mantê-lo reduzido.

 Pessoas sedentárias apresentam um gasto calórico reduzido e podem ter mais dificuldade de queimar a gordura e mais facilidade para armazená-la.

Nas últimas décadas, o brasileiro, de um modo geral, trocou atividades como esportes e caminhadas pela televisão, considerada a principal opção de lazer das diferentes camadas da população. A modernização dos processos produtivos também foi responsável pela redução da atividade física. A forma de trabalhar e de viver de grande parte dos brasileiros requer cada vez menos de energia.

Alimentação 
Como já vimos, a obesidade apresenta várias causas, mas talvez a mais simples de ser compreendida e também a mais divulgada (mas nem por isso a mais comum) seja um maior consumo de alimentos (calorias) em relação a um menor gasto de energia. É preciso deixar claro que nem sempre os gordos apresentam excesso de peso só porque comem muito, pois existem outros motivos para o ganho de peso. No entanto, é bem verdade que, em muitos casos, os exageros na alimentação são os responsáveis pelos quilos a mais.

Maus hábitos alimentares também ajudam a engordar, tais como:

  • Não ter horários fixos para comer, ou seja, “beliscar” a toda hora. A pessoa perde o controle da quantidade que comeu e acaba comendo muito, sem nem perceber. 
  •  Exagerar no consumo de alimentos gordurosos, como frituras, manteigas, óleos, doces cremosos, chocolates etc. 
  •  Fazer “dietas da moda”, responsáveis pelo efeito ioiô, isto é, o “emagrece-e-engorda” dos que fazem esses tipos de dieta (veja mais detalhes no item dietas da moda). 
  •  Ficar longos períodos em jejum. A fome e o apetite aumentam e a pessoa acaba comendo mais. 
  •  Fazer poucas refeições durante o dia e em grandes volumes. O volume do estômago pode aumentar e também a quantidade de alimentos que a pessoa consegue comer.

Outros fatores relacionados à obesidade 
A Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em 1989, apontou dados sobre a obesidade entre adultos no Brasil que explicariam os altos índices de obesidade no país. São eles:

  •  Dieta desequilibrada, onde predominam alimentos  muito calóricos e de fácil acesso (cereais, óleo, açúcar) à população mais carente. 
  •  Redução do tamanho da família, aumentando a disponibilidade de alimentos na casa. 
  •  Melhora da infra-estrutura básica, elevando a expectativa de vida da população. Com isso, o peso da população aumenta, já que o percentual de gordura é maior com a idade. 
  •  Estrutura demográfica: as pessoas se concentram mais nas cidades, onde gastam menos energia, têm acesso a variados tipos de alimentos (principalmente industrializados) e possuem maior expectativa de vida.


Consequências
Diversas patologias e condições clínicas estão associadas à obesidade. Alguns exemplos são:

  •  Apnéia do sono 
  •  Acidente vascular cerebral, conhecido popularmente como derrame cerebral. 
  •  Fertilidade reduzida em homens e mulheres. 
  •  Hipertensão arterial ou “pressão alta”. n Diabetes melito. 
  •  Dislipidemias. 
  •  Doenças cardiovasculares. 
  •  Cálculo biliar. 
  •  Aterosclerose. 
  •  Vários tipos de câncer, como o de mama, útero, próstata e intestino. 
  •  Doenças pulmonares. 
  •  Problemas ortopédicos. 
  •  Gota. 

Os prejuízos que o excesso de peso pode causar ao indivíduo são muitos e envolvem desde distúrbios não fatais, embora comprometam seriamente a qualidade de vida, até o risco de morte prematura. Os dados existentes são alarmantes: estima-se que mais de 80 mil mortes ocorridas no país poderiam ter sido evitadas se tais pessoas não fossem obesas.

Tratamento
O objetivo de tratar a obesidade hoje é alcançar um peso saudável e não mais o peso ideal. Mas o que seria o peso saudável? O das modelos e bailarinas extremamente magras ou  dos artistas de televisão? Com certeza, não. O peso saudável é aquele adequado para desempenhar as atividades (internas e externas) do organismo, nem para mais, nem para menos. Trata-se de um peso onde as complicações associadas à obesidade são nulas ou mínimas.

Um corpo bonito ou magro não é sinônimo de saudável. É necessário analisar cada caso separadamente, pois as necessidades variam de  acordo com o indivíduo. Por isso, não é coerente querer ter o corpo igual ao de uma outra pessoa. O peso saudável varia de pessoa para pessoa. Um nutricionista e/ou médico são os profissionais de saúde que podem avaliar a adequação do peso dos indivíduos.

O tratamento da obesidade varia de acordo com a gravidade da doença. Em alguns caso, são necessários medicamentos ou até mesmo intervenções cirúrgicas. No entanto, existem recomendações gerais adequadas para a grande maioria dos obesos: educação (ou reeducação) alimentar, atividade física e a participação familiar e comunitária nesse processo. Vamos tratar desses temas a seguir.

A educação (ou reeducação) alimentar
É preciso que a pessoa entenda e aprenda (ou reaprenda) o significado e a importância de se comer bem (e não bastante!), isto é, de trocar os maus hábitos por bons hábitos alimentares. Trata-se de um novo estilo de vida, de ampliar conceitos, mudar costumes... o que não é nada fácil, ainda que possível. É por isso que a educação alimentar é tão importante.

Esse aprendizado pode e deve ocorrer em qualquer lugar, mas a escola é um espaço privilegiado para o estudo da alimentação e da nutrição como ciência, arte, técnica e história. A escola deve atuar como um laboratório em permanente atividade de busca, de inquietação, de interrogações sobre o homem e as suas condições de vida. Afinal, é na escola que se revelam e que podem ser solucionadas as dificuldades que existem fora dela.

Orientações nutricionais
Várias orientações nutricionais são importantes para a educação alimentar. Confira algumas:

  •  Seja realista: faça pequenas mudanças no modo como você se alimenta e no seu nível de atividade física. Não comece com grandes alterações, vá passo a passo. Após o primeiro pequeno sucesso, estabeleça um novo objetivo e prossiga. 
  •  Seja aventureiro, saia da mesmice! experimente alimentos e preparações que você não conhece, especialmente se forem à base de frutas e verduras. Comece por aquele alimento que você nunca experimentou. Ele pode ser gostoso e irá ajudar você a melhorar o seu consumo de nutrientes.
  • Seja flexível: não fique pensando se você cumpriu ou não os seus objetivos em apenas uma refeição. O ideal é ter um plano diário, mas caso você exagere em uma refeição, coma menos na próxima. 
  • Seja sensível: aprecie todos os tipos de alimentos e preparações. 
  • Prefira uma dieta pobre em gordura e em colesterol e rica em frutas e verduras. 
  • Modere as quantidades de açúcares, sal e sódio. 
  • Caso consuma bebida alcoólica,  faça-o com moderação. 
  • Beba, no mínimo, oito copos de água por dia entre as refeições. 
  • Estabeleça horários fixos para se alimentar. 
  • Divida a  alimentação em cinco ou seis refeições (café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia), reduzindo a quantidade consumida em cada uma delas. 
  • Prepare o prato com toda a quantidade de alimentos a ser consumida, para ter o controle da quantidade que vai comer. 
  • Siga o guia da pirâmide dos alimentos, consumindo as porções para cada grupo de alimentos de acordo com a idade (veja mais detalhes no texto sobre alimentação saudável). 
  • Prefira ambientes agradáveis para fazer as refeições e evite assistir televisão enquanto come. 
  • No almoço e no jantar, coma primeiro os vegetais crus e folhosos, como o alface e a rúcula, pois eles promovem uma sensação de saciedade mais rápida. Isso fará com que sua fome diminua e você coma os outros alimentos em  menor quantidade. 


É importante deixar claro que essas são apenas algumas orientações gerais. A obesidade, como já mostramos, é uma doença e como tal deve ser orientada e tratada pelo profissional adequado, neste caso o nutricionista ou médico. O professor deve orientar o aluno ou o responsável por este a dirigir-se a um serviço de saúde para receber informações mais específicas.

A atividade física
A melhor maneira de controlar o peso é a combinação de dieta com exercícios físicos e não apenas um ou outro. O ideal é fazer um pouco de atividade física todos os dias, ou pelo menos três vezes por semana. Você não precisa ficar várias horas fazendo exercícios e suando sem parar. “Pegar pesado” é para atletas. A criança, assim como as pessoas em geral, devem procurar uma atividade que lhes agrade, convidar um amigo para participar... o professor de Educação Física é a pessoa ideal para orientar sobre o assunto. Ficar parado é que não dá!

Benefícios da atividade física 
Aqui estão alguns benefícios da prática regular de atividade física:

  •  Contribui para o bom funcionamento dos órgãos, principalmente o coração. 
  •  Contribui para o bom funcionamento do intestino. 
  •  Diminui a ansiedade, o estresse e a depressão. 
  •  Melhora o humor e a auto-estima. 
  •  Diminui em 40% as chances de morrer por doenças cardiovasculares e ajuda na prevenção e no controle dessas e de outras doenças, como diabetes melito, hipertensão arterial, osteoporose, problemas respiratórios,etc. 
  •  Contribui  para o funcionamento normal dos mecanismos cerebrais de controle de apetite, de modo a trazer um equilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia. 
  •  Aliada  ao consumo  reduzido dos alimentos, aumenta a perda de gordura e melhora a sua distribuição corporal. Também aumenta a massa magra corporal (músculos). 
  •  Quanto  mais ativo você se torna, mais calorias queima (aumenta o gasto energético). 


Se não houver problemas de saúde, os exercícios físicos devem fazer parte do cotidiano de todas as pessoas. É bom consultar um médico antes de encarar  esse novo estilo de vida.

SEJA ATIVO! Incorpore a atividade física no seu dia-a-dia. Ande até a padaria, desça um ponto antes do seu trabalho, pegue as crianças na escola a pé. Vale tudo!

Perigo! Dietas da moda 
Nossa sociedade se preocupa demais com o corpo e os padrões de beleza e não faltam dietas para o controle de peso. Mas isso não significa dizer que todas essas dietas são boas para a saúde, PELO CONTRÁRIO!

As chamadas “dietas da moda” são geralmente dietas restritas em um ou vários tipos de nutrientes, ou seja, são nutricionalmente desequilibradas. Podem causar muitos danos à saúde: diminuição do rendimento físico, sobrecarga do organismo, deficiências nutricionais, desidratação, desmaios, problemas cardíacos e outras doenças.

Uma dieta com alimentos nutritivos em quantidades controladas é a alternativa ideal para quem deseja controlar o peso com saúde. Com as dietas da moda, a pessoa consegue uma perda de peso passageira, pois acaba tendo uma alimentação tão fora de seus padrões que, ao retornar à “vida normal”, volta a comer os tipos e a quantidade dos alimentos que a fizeram aumentar de peso.

Muitos insistem em fazer essas dietas “exóticas” influenciadas pela propaganda, especialmente na televisão, e por artistas e pessoas com corpos esculturais. A rápida perda de peso decorrente de dietas desequilibradas também incentiva o desejo de emagrecer a qualquer preço. O problema é que, nesses casos, trata-se de uma perda de água e músculo e não propriamente de gordura. Além disso, dietas muito restritivas e com pouquíssimas calorias podem provocar graves distúrbios alimentares, como anorexia nervosa e bulimia.

O melhor caminho para controlar o peso continua sendo a reeducação alimentar através de uma dieta equilibrada, elaborada e orientada por um profissional capacitado.  Tal dieta deve ser acompanhada da prática regular de atividade física.

É preciso ter sempre em mente que não existem poções mágicas para emagrecer, ou seja, até hoje não se provou que as dietas populares ou da moda tenham alguma vantagem em relação a uma dieta bem balanceada. Nenhuma “mistura mágica” garante uma perda de peso mais efetiva do que uma dieta reduzida em calorias e equilibrada. Além disso, cada pessoa tem necessidades nutricionais e calóricas diferentes e cada caso deve ser analisado individualmente por um nutricionista.

Como prevenir? 
Algumas estratégias para prevenir a obesidade são:

  •  “Cortar o mal pela raiz”, incentivando, desde a infância, a prática  regular de exercícios físicos e a introdução de bons hábitos alimentares.O exemplo dado pelos pais ou responsáveis aos seus filhos é fundamental.
  •  Orientar a população a respeito da importância de uma alimentação saudável. 
  •  Usar a televisão e o rádio para facilitar o acesso de todas as camadas sociais às informações sobre alimentação saudável. 
  •  Incentivar crianças, jovens e adultos a praticarem exercícios físicos regulares. 
  •  Garantir a participação de autoridades federais, estaduais e municipais em projetos que tenham como principal objetivo prevenir a obesidade, sem interesses políticos. Tais interesses prejudicam especialmente a continuidade dos programas sociais.


Alimentos diet e light e adoçantes
A preocupação excessiva da sociedade com o excesso de peso e a existência de doenças que provocam alterações específicas na dieta despertaram o investimento de indústrias alimentícias em pesquisas que resultaram na criação de inúmeros produtos com características especiais, como é o caso dos alimentos “diet” e “light”.

Ainda existe muita confusão a respeito do significado e das diferenças existentes entre esses dois tipos de alimentos. A explicação é muito importante para que a escolha e compra do produto certo.

Produtos “light”  são alimentos modificados em seu valor energético ou em sua composição de gordura. Devem ter pelo menos 25% a menos de  calorias que os produtos comuns. Mas atenção: isto não significa que esses produtos não contenham açúcar, portanto não devem ser consumidos pelos diabéticos, a não ser que tenham escrito no rótulo SEM ADIÇÃO DE AÇÚCARES.

Produtos “diet” são aqueles produzidos para atender às necessidades dietéticas específicas dos portadores de várias doenças. Incluem alimentos para dietas com restrição em algum nutriente. Esta restrição pode ser de açúcares, sódio, gorduras, colesterol, aminoácidos ou proteínas, entre outras. Por isso, quem compra produtos “diet” deve ler com bastante atenção o rótulo da embalagem para verificar se ele atende às suas necessidades específicas. Um exemplo: os produtos que podem ser consumidos pelo diabético são aqueles que não contêm glicose, frutose ou sacarose.

Com relação aos adoçantes dietéticos, os obesos devem preferir aqueles não calóricos, como o aspartame e a estévia. Pessoas com pressão alta devem escolher adoçantes que não possuem sódio na sua composição e assim por diante. É bom consultar um nutricionista ou médico para maiores esclarecimentos.

Varizes


Varizes são veias superficiais dilatadas e tortuosas que perderam sua principal função de retorno
venoso do sangue dos membros inferiores em direção ao coração. De acordo com o diâmetro venoso,
podem ser classificadas em três tipos: as veias varicosas, que sobressaem na pele e ficam protuberantes, com diâmetro acima de 3 milímetros, acometendo os troncos das veias safenas internas e/ou externas e suas veias colaterais; as veias reticulares, que variam de 1 a 3 milímetros de diâmetro, não possuindo relação direta com os troncos principais; e as telangiectasias, popularmente conhecidas como vasinhos, cujo diâmetro não ultrapassa 1 mm.

Epidemiologia
A prevalência das varizes dos membros inferiores é bastante alta na população. Se considerarmos os três tipos de varizes acima descritos, a prevalência atinge de 40 a 70% da população. Se considerarmos apenas as veias varicosas (maiores que 3 mm de diâmetro), a doença varicosa atinge de 20 a 40% da população
 É menos comum em africanos e afrodescendentes e é predominante no sexo feminino em proporção de duas a cinco mulheres para cada homem, tornando-se mais prevalente com o passar da idade. Nos idosos chega a atingir 60 a 70%, e sua maior complicação – a úlcera varicosa – passa de 1 a 1,5%
na população em geral para 6%. A idade, o número de gestações e o antecedente familiar de varicosidades parecem ser os principais fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença.

Sintomas 
São sintomas relacionados à doença varicosa: sensação de peso, cansaço, inchação, queimação,
pontadas, dolorimento, formigamento, prurido e pernas inquietas. Esses sintomas normalmente melhoram ou estão ausentes em repouso e aparecem durante as atividades do dia a dia com o passar das horas, intensificando-se ao final da tarde e à noite. Melhoram com a elevação dos membros inferiores. Os  sinais da doença varicosa são: as telangiectasias, as veias reticulares, as veias varicosas, o edema, a   pigmentação,  o eczema, a lipodermatoesclerose e a úlcera venosa. Podem ocorrer também as varicoflebites  (formação de trombos nas varizes) e a varicorragia (hemorragia das varizes)  

Diagnóstico
O diagnóstico de varizes é relativamente simples, visto que pode ser realizado apenas com a
observação clínica (inspeção) dos membros inferiores, podendo ser completado por meio de anamnese dirigida e de exame físico especial. O paciente deve ser examinado em pé (dez minutos) para  observação das varicosidades. Pode-se, também, através de manobras especiais, detectar se a dilatação das  varizes é resultado de refluxo e dilatação do sistema das veias safenas internas ou das externas, ou,  eventualmente, se decorre de veias perfurantes insuficientes. Além do exame clínico para a programação terapêutica,utilizam-se exames complementares, sendo o principal o ecodoppler venoso dos membros inferiores, que consegue definir os pontos de refluxo e insuficiência venosa no sistema superficial.

Tratamento
Baseado no exame físico, nas manobras específicas e no ecodoppler, o cirurgião vascular vai optar
pelo melhor e mais adequado tipo de tratamento das varicosidades. O tratamento vai depender do tipo
de varicosidade. As telangectasias e as veias reticulares são tratadas através da escleroterapia, que consiste na injeção de substâncias irritantes (esclerosantes) ao endotélio venoso. Já as veias varicosas são tratadas cirurgicamente, com a retirada das veias dilatadas e a interrupção dos pontos de refluxo através das safenectomias interna e externa e de eventual ligadura das veias perfurantes insuficientes.

Tratamento clínico
Pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia devem ser tratados clinicamente, com o uso
de medicamentos e/ou da compressão elástica graduada. O tratamento farmacológico é feito através de medicamentos flebotônicos, que melhoram o tônus das veias superficiais. As drogas mais utilizadas são as substâncias flavonoides, que possuem a propriedade de aumentar a tonicidade das veias  superficiais, melhorar a resistência capilar e diminuir os eventos inflamatórios da hipertensão venosa, facilitando o retorno venoso e melhorando a estagnação do sangue no membro inferior. Com isso, há diminuição  do inchaço, das dores e do cansaço das pernas. A droga mais utilizada atualmente é uma combinação de  duas substâncias flavonoides: a hesperidina e a diosmina, comercialmente conhecida como Daflon. Deve ser utilizada na dosagem de 1 g por dia, geralmente em dose única (dois  comprimidos de 500 mg após o café da manhã). Já existem trabalhos multicêntricos que mostram a efetividade dessa  droga m grande porcentagem de pacientes. Outros medicamentos podem ser  utilizados, tais como o  Venocur Triplex, o Venoruton e o Venalot .

Outra importante medida terapêutica é a utilização da compressão elástica por meio do uso de meias
elásticas de compressão graduada. Esse importante método deve ser indicado em todos os pacientes com queixas relacionadas às varizes. As meias elásticas graduadas (medicinais) são prescritas  relacionando-se o grau de compressão da meia com a gravidade da doença varicosa. Para casos de teleangiectasias e  veias reticulares, prescrevem-se meias elásticas de 10 a 20 mm Hg de compressão. Para casos de veias  varicosas, usam-se meias de 20 a 30 mm Hg e, para pacientes com complicações, usam-se meias de 30 a 40 mm Hg

A utilização de métodos alternativos para o tratamento das varizes e dos vasinhos ainda é controverso e está em fase de desenvolvimento. A utilização de laser para a escleroterapia é útil. Até o momento, no entanto, não se mostrou melhor que a escleroterapia convencional no tratamento de pequenos vasos. Para a termoablação por laser ou radiofrequência das veias safenas, ainda há controvérsias sobre a  superioridade desses métodos em relação ao método de tratamento cirúrgico convencional.

Endometriose


Endometriose é a presença do endométrio (tecido que reveste o útero internamente) fora da cavidade uterina. Ela é conhecida como “a doença da mulher moderna”, pois seu aparecimento parece ser influenciado pelo padrão de vida feminino atual: a mulher tem menos filhos, engravida mais tarde e é submetida constantemente a um maior nível de estresse. Todos estes fatores estão ligados a um hormônio chamado estrogênio, produzido nos ovários e que é responsável pelo crescimento desta doença. Ou seja, a partir da primeira menstruação até a menopausa, qualquer mulher pode ter endometriose.

Estima-se que atualmente a endometriose acometa cerca de 10 a 15% da população feminina durante o período que menstruam. Ainda não se sabe exatamente porque a endometriose se desenvolve. Possivelmente tenha um caráter genético ou ainda está relacionado à imunidade do organismo que
não é capaz de conter o aparecimento da doença. A doença pode ocorrer em vários locais, mas a maioria deles está localizada na cavidade pélvica, como por exemplo:

• Ovários
• Peritônio (tecido que recobre os órgãos);
• Intestino;
• Ligamentos localizados atrás do útero (útero-sacros);
• Região atrás do colo uterino (retrocervical).

Sintomas
Os principais sintomas são a cólica menstrual em graus variados, a dificuldade para engravidar presente em 30 a 40% das mulheres com a doença, as alterações intestinais durante o período menstrual como intestino solto ou muito preso e dor para evacuar, desconforto e/ou dor durante a relação sexual no fundo da vagina, dor para urinar ou sangramento na urina na época da menstruação, ou ainda dores contínuas na barriga independente do período menstrual. Os sintomas não necessariamente ocorrem todos ao mesmo tempo e nem sempre a intensidade maior dos sintomas sugere que a paciente tenha uma doença mais grave. Mas diante de qualquer sintoma sugestivo da doença,é importante que a mulher procure seu ginecologista.

Diagnóstico
A endometriose é uma doença de diagnóstico especializado. Para sua comprovação, é necessária uma análise ginecológica e de exames de imagem minuciosos feita por médicos experientes em tratar a doença. Em pacientes com sintomas de endometriose realiza-se o exame ginecológico e por meio do toque vaginal. Pode ser possível sentir um nódulo no fundo da vagina ou um cisto no ovário que podem ser sugestivos da doença. Porém, exames de imagem como ultrassom transvaginal com preparo intestinal e ressonância magnética são fundamentais para a confirmação da suspeita do
diagnóstico da endometriose.

Tratamento
Existem duas formas de tratamento da endometriose:

  •  medicamentoso.
  •  cirúrgico. 


O medicamentoso é indicado para a maior parte dos casos de endometriose e para a diminuição da chance de reincidência da doença após tratamento cirúrgico. São utilizados medicamentos com baixas doses de hormônio que podem ter efeitos colaterais como inchaço do corpo, aumento discreto
de peso e dores nas pernas, mas que tendem a ser mínimos. Em geral, são usados anticoncepcionais orais ou injetáveis, ou ainda, o sistema intrauterino medicado com hormônio (progestogênio).

O tratamento cirúrgico é a opção para as mulheres que não melhoram com o tratamento medicamentoso ou nos casos mais avançados da doença. A cirurgia é, em geral, uma videolaparoscopia que permite a abordagem de toda a pelve, melhor visualização dos órgãos, menos formação de aderências e melhor recuperação após a cirurgia. Serve não só para o diagnóstico, mas
principalmente para o tratamento. Todos os focos de endometriose são retirados. Aqui está a importância dos exames de imagem especializados, pois com eles se sabe exatamente o que será encontrado com a possibilidade de se fazer uma boa programação antes da cirurgia e aumentar as chances de sucesso do tratamento.

A conscientização da mulher que tem endometriose é extremamente importante para evitar a progressão e retorno da doença. Siga as orientações do  seu médico e cuide bem da saúde dando atenção à alimentação e ao sono e praticando exercícios físicos aeróbicos regulares.
 
Entenda a Endometriose
O que é endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória não infecciosa que se caracteriza pela presença de tecido endometrial (endométrio) fora do útero, seu local habitual.

Como e por quê ela ocorre?
Apesar de estudada há muitos anos, ainda não se conhece detalhadamente o que causa a endometriose. O que sabemos é que a doença tem vários fatores em sua origem como alterações imunológicas, genéticas e hormonais.

Quais são os sintomas da endometriose?
A dor em cólica no período menstrual é o sintoma mais frequente. Outros sintomas comuns são dor contínua embaixo do ventre e dor no fundo da vagina durante a relação sexual. Além disso, dor para evacuar, sangramento nas fezes e diarreia no período menstrual, assim como dor para urinar, sangramento na urina e aumento na frequência urinária também no período menstrual
são sintomas relacionados à doença.

Como se faz o diagnóstico da doença?
Em caso de sintomas sugestivos de endometriose, a mulher deve procurar seu ginecologista. Os sintomas e o exame ginecológico são o ponto de partida para o diagnóstico e os principais exames são a ultrassonografia e a ressonância magnética da pelve especializadas para pesquisa de endometriose.
Em alguns casos, é necessária realização de cirurgia por videolaparoscopia para o tratamento e confirmação da suspeita de endometriose.

Endometriose e infertilidade
A endometriose ocorre devido ao aparecimento de células semelhantes àquelas do endométrio (membrana que recobre a cavidade uterina) fora do útero. Estas células podem se desenvolver em vários locais como ovários, bexiga, ligamentos uterinos, intestinos, peritônio da pelve e outros. A doença pode acometer cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, porém nas pacientes que apresentam infertilidade (mais de um ano sem conseguir gravidez), estas cifras podem ser em torno de 50%. A endometriose pode ocasionar uma série de alterações na pelve feminina que determinam dificuldade em engravidar . Nas pacientes com desejo de gravidez não é possível a realização de tratamento clínico para bloqueio da endometriose, pois há interrupção da ovulação.  Sendo assim, a cirurgia pode representar uma opção eficaz ou podem ser indicados tratamentos como indução da ovulação e, por vezes, a reprodução assistida.

Mecanismos de infertilidade na endometriose- Alterações nas trompas (obstruções)- Ovulações imperfeitas- Piora na qualidade dos óvulos- Presença de substâncias inflamatórias na pelve que dificultam a fecundação do óvulo- Dificuldade da implantação do embrião no útero

Endometriose na adolescência
Cólicas menstruais fortes em mulheres jovens requerem investigação e tratamento. Adolescentes com queixa de cólicas menstruais de intensidade forte a ponto de interferir no seu cotidiano levando-as a faltar às aulas repetidas vezes,  devem buscar atenção médica. O médico é capaz de orientar o tratamento com analgésicos e estudos de imagem dos órgãos internos da pelve tais como a ultrassonografia ou ressonância magnética. Algumas anomalias uterinas e a endometriose podem
se manifestar inicialmente desta forma. Adiar este diagnóstico compromete a qualidade de vida e pode colocar em risco o futuro reprodutivo destas jovens. Procure seu médico e informe-se sobre a endometriose.